A peça teatral Auto da Camisinha completa 19 anos e, desta vez, retorna às escolas do Distrito Federal para clamar pela importância da prevenção para o combate às doenças sexualmente transmissíveis. Após nove anos de estrada com o espetáculo mundo afora, a Hierofante Companhia de Teatro, um grupo tipicamente brasiliense, nascido na Ceilândia, escolheu o ano de 2018 para percorrer de novo as escolas do Distrito Federal. O texto é do famoso cordelista José Mapurunga.
“Falo isto com respeito, por não poder controlar o que explode no meu peito. Fico abestalhado sem saber o que fazer, pois um sentimento assim é gostoso e faz doer”. “Diga o que devo fazer para a linda Lionor venha a ser o meu lazer”. A literatura é informal, de cordel, com rimas populares, deuses, diabos e uma linda homenagem aos múltiplos Brasis. Mas não para por aí. O espetáculo vai além pois chama crianças, jovens e adultos para a importância do uso da camisinha.

A Hierofante Companhia de Teatro sempre levou o teatro para as ruas. Não apenas por levar, mas, também, para educar. Em 1999, a Hierofante ouviu em uma radionovela as citações de O Auto da Camisinha e se empolgou. A companhia, na época dirigida por Humberto Pedrancini, sabia que precisaria montar aquele texto. “Na época, vários amigos nossos morriam por conta da Aids. O Auto da Camisinha, na verdade, foi escrito para teatro. Conseguimos a autorização e montamos. O resultado: mais de 300 mil pessoas já nos assistiram desde que estamos em cartaz”, destaca Anderson Floriano, ator e diretor que está à frente da cia Hierofante nos dias de hoje.
O sucesso do espetáculo foi tanto que eles receberam convites e foram se apresentar em São Tomé e Príncipe, na África; e em Nova York (EUA). A companhia contou, ainda, com vários patrocínios como do Ministério da Saúde. Após um hiato de quase um ano, em 2016, eles voltaram com a peça em 2017 com recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Agora, o cenário será as escolas para os jovens acima de 12 anos do DF. “Este público necessita de informação. E nada melhor que informar de uma forma leve, divertida e interativa. Isto é o que fazemos neste espetáculo”, pontua Floriano. Segundo ele, o foco agora é trazer o assunto novamente à tona. “Com o maior acesso aos remédios que tratam a AIDS, os jovens relaxaram, mesmo sabendo que não há cura. E muitos estão engravidando muito cedo ou com outros tipos de doenças sexualmente transmissíveis. Ou, claro, com o próprio HIV. Nossa ideia é impedir esta situação e trazer o assunto de volta para as pautas”, explica Anderson Floriano.
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Fotos: Anderson dos Reis |
No DF, o foco, desta vez, será as regiões de Planaltina, Vale do Amanhecer, Sobradinho I e Sobradinho II. No entanto, qualquer escola que quiser abrir um chamado para conscientização dos alunos pode entrar em contato com a companhia pelo e-mail:
hierofanteciadeteatro@gmail.com e solicitar o espetáculo. O Auto da Camisinha tem o patrocínio da Secretaria de Cultura do Distrito Federal e do FAC - Fundo de Apoio à Cultura.
O Auto da Camisinha
O texto de José Mapurunga foi escrito em linguagem de cordel, de fácil assimilação e conta a saga de um casal sertanejo que se prepara para a primeira relação amorosa. Os enamorados são Benedito (Anderson Floriano) – um quixote ingênuo e apaixonado – e Lionor, uma beldade ardente que faz do uso da camisinha uma questão de respeito. O cordel remete a personagens populares.

O desejo e o instinto dos amantes viram um alvo de uma batalha entre o Diabo versus o Anjo de Guarda. Com orientação dos seus protetores, Benedito se conscientiza de que a camisinha é a chave para o amor sem medo. Além destes personagens, a peça conta ainda com uma costureira que irá ensinar para o matuto que camisinha não é uma camisa pequena. Há, também, a figura do padrinho que, fazendo uso de um pênis inflável gigante, vai ensinar Benedito e os alunos a colocarem a camisinha. Algo que, segundo Anderson Floriano, nem todo o público consegue fazer. “Por incrível que pareça muitos jovens não sabem. Ou não querem usar. Outro ponto interessante é que em época de empoderamento feminino mostramos também que a decisão é sempre da mulher.É ela que decide se vai ou não para a cama. Se uma mulher diz não, é não!”, ressalta. E a personagem de Lionor deixa claro: “No sertão, o que não falta é amor. Sem camisinha, é não”.
Os outros personagens, incluindo Lionor, são interpretados pelos atores Tainá Ramos e Diogo Cerrado que se revezam nas cenas. A direção é de Humberto Pedrancini. A peça promove, ainda, um debate ao final de cada sessão para o esclarecimento das dúvidas dos alunos e professores.
Sobre a Hierofante Companhia de Teatro
A Hierofante Companhia de Teatro tem se destacado pela elaboração de textos voltados para o desenvolvimento social e que prezam pela estética brasileira, no que diz respeito ao imaginário do povo. Por isto, muitas vezes os integrantes valem-se da linguagem de cordel. Ao longo dos anos foi formada por mais de 20 atores e com mais de 23 anos na ativa, a cia é dirigida, atualmente, por Anderson Floriano, Edmilson Braga, Daniela Josper e Anderson dos Reis. No total, eles acumulam mais de 23 espetáculos, muitos de rua, já que a companhia preza pelo teatro que chega diretamente no povo. O Auto da Camisinha, espetáculo com direção de Humberto Pedrancini, está em cartaz desde 1999. Ao todo, foram feitas mais de 600 apresentações pelos quatro cantos do Brasil. A peça foi, ainda, convidada para ir a Nova York (EUA) e para São Tomé e Príncipe, na África. O grupo tem sua sede em Ceilândia.
Ficha técnica
Texto: José Mapurunga
Direção: Humberto Pedrancini
Elenco: Diogo Cerrado, Anderson Floriano e Tainá Ramos.
Coordenação e Gestão: Anderson Floriano
Figurinos: Sônia Paiva
Confecção de figurinos: Terezinha Dias
Confecção de adereços: Tete Alcândida
Produção: Anderson dos Reis
Assistente de Produção: Leonardo Ferreira e Rafael Ristoff
Ilustração: Broba
Assessoria de imprensa: Baú Comunicação Integrada